Em 1920 Rudolf Steiner deu o primeiro curso para médicos, chamado “Ciência Espiritual e Medicina”. Desde então, a Medicina Antroposófica cresceu e continua a se desenvolver na maioria dos países, apesar de várias dificuldades que formam parte de sua rica história. Desde o final do século XX, vem acontecendo uma mudança importantíssima, vinculada a três aspectos: 1º, o esforço por se afirmar como uma corrente médica legitima e oficialmente reconhecida, 2º, o desenvolvimento da pesquisa clínica e básica que a legitime mais e mais nos seus procedimentos terapêuticos, não só perante o mundo exterior, mas diante da própria classe médico-terapêutica antroposófica, e 3º, a conscientização que sua aplicação só pode se sustentar se nela viverem e reverberam os impulsos espirituais fundamentais para sua projeção no mundo. Neste livro notável, Peter Selg nos mostra de forma viva, embora sóbria, o que vivia em Ita Wegman, como diferentes aspectos se processaram nela, tornando-a, até hoje, a representante mais decisiva do impulso médico-terapêutico antroposófico.
Neste sentido, é importante levar à consciência das novas gerações, tanto a intenção de Ita Wegman com este impulso terapêutico, como a fonte na qual ela o nutria e fortalecia; dois aspectos que fizeram Rudolf Steiner se vincular decisivamente a ela, ao reconhecer que na postura de Ita Wegman vivia – de forma coerente e plena – o impulso terapêutico original da Antroposofia. O contato com sua personalidade é uma fonte inesgotável de recursos para constantemente nos reafirmarmos no impulso que queremos representar. No Brasil, assim como em outros países, a Medicina Antroposófica atingiu um estágio em que seus representantes devem refletir sobre a qualidade deste impulso médico-terapêutico e neste sentido, este livro é uma importante contribuição.
Dr. Bernardo Kaliks
São Paulo, 2005